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Por Dificuldade

FLÁVIA HECKERLING
A cura da depressão

SORAYA SOLLITO
Negócio em família

ELOÍSA MORELLO
O sabor caseiro contra a solidão de casa

A estudante de Administração Flávia Heckerling, diagnosticada com depressão aos 13 anos de idade, comia tão compulsivamente que chegou a ganhar 20 quilos. Obrigada a tomar doses muito altas de remédios que não surtiam efeito, ela foi atrás da própria cura e encontrou, na alimentação funcional, parte da solução. Este termo diz respeito ao consumo de nutrientes básicos ao corpo, que ajudam seu metabolismo beneficiando a saúde e prevenindo de algumas doenças crônicas. A mudança de hábito a fez retornar a cozinha - onde aos 7 anos havia descoberto o gosto pela culinária, por ser o modo mais efetivo de reunir a sua família em um ambiente sem conflitos. Os momentos de alegria que presenciou ainda criança retornaram aos 20 anos de idade, agora com a doença controlada, com os tradicionais almoços em família e um negócio próprio denominado Fome Da Hora. O início foi sem compromisso. Ela apenas levava as próprias marmitas para a faculdade e os amigos começaram a pedir seus pratos. Unindo o hobby à demanda e a vontade de ter uma renda extra, começou a vender para os conhecidos por meio de encomendas. De lá, ampliou o negócio vendendo no campus da Faculdade Getúlio Vargas, em um local que o Diretório Acadêmico providenciou aos alunos.

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Com as vendas mais consolidadas, um curso de empreendedorismo e uma pesquisa de preço, Flavia investiu na criação de um logo e no desenvolvimento de uma marca no início deste ano e, há um mês, construiu o seu próprio cardápio. Toda sua produção é voltada para comidas saudáveis, setor que movimenta cerca de de 40 bilhões de reais no Brasil, segundo uma pesquisa do Instituto Euromonitor. Contudo, ela assume que o equilíbrio é sempre a melhor opção e portanto também faz alguns doces fit. O tempo é o principal inimigo da estudante, que atualmente estagia em uma empresa produtora de papel e celulose e só consegue se dedicar à cozinha nos fins de semana. Por essa razão, os pedidos são feitos somente por WhatsApp, já que por enquanto a empresa não possui páginas em redes sociais e as entregas são realizadas apenas na faculdade ou nas linhas do metrô. A estudante de Administração Pública que contabiliza um lucro mensal de cerca de 2 mil reais encara o negócio como um hobby e faz da alimentação o seu melhor remédio. Flávia não foi a única que viu na Gastronomia uma perspectiva de cura… é o caso de Soraia Sollito.

Soraya Sollito sofria de depressão e por esse motivo, foi obrigada a deixar o emprego. Após estar curada em 2015, sua filha Camilla percebeu a necessidade de reinserí-la no mercado de trabalho, principalmente para que a mãe pudesse se distrair. Sabendo do gosto de Soraya pela culinária, sugeriu que ela aproveitasse o período de Páscoa para tentar investir em um negócio próprio. Assim, surgiu o So Sweet.

 

Há dois anos e meio no mercado, a empresa de doces já possui página no Instagram e Facebook. Mãe e filha se atentam principalmente na questão visual das mercadorias compartilhadas na rede, uma vez que acreditam que a aparência é o principal meio de atrair consumidores nessas mídias - porém sem perder a naturalidade do produto, recusando tratamentos de imagem. Nenhuma das duas fez cursos culinários. O talento é considerado uma característica hereditária e ainda hoje embasam suas criações no livro de receitas da avó de Camilla, além de assistirem tutoriais no Youtube e programas televisivos sobre o assunto. Porém, inovar é o conceito da marca. Considerando o mercado competitivo desse ramo gastronômico, elas lançam produtos novos, praticamente, toda semana, mas se certificam de ao menos lançarem um por mês, para atrair novos clientes e manter os já estabelecidos interessados. Segundo Camilla, essa surpresa gera um “burburinho” no mercado que leva novos consumidores a quererem provar tal novidade, a exemplo do Hora Surprise.

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Visando num futuro abrir uma loja física sem perder a pessoalidade do atendimento, as cozinheiras passaram a vender o ano todo, não apenas na Páscoa. Hoje recebem encomendas diariamente. Os pedidos são feitos via WhatsApp ou email, embora o primeiro contato possa ser estabelecido pelas páginas nas redes sociais e as entregas são feitas em toda a grande São Paulo, uma vez que elas possuem um entregador contratado que distribui esses produtos. Na prática da cozinha, Camilla teve seus melhores ensinamentos: energia, cuidado, atenção e paciência. Para ela, um pedido simples demanda tanto carinho quanto uma grande encomenda. A jovem de 23 anos faz questão de colocar-se no lugar do outro, o que lhe permite degustar o mesmo sabor de satisfação do cliente, sem que necessite comer.

Eloísa Morello, também enfrentava um drama pessoal antes de se aventurar no fogão. A dificuldade surgiu com a morte de seu marido. Sem emprego, sozinha com uma filha de 15 anos, viu-se desamparada emocionalmente e financeiramente. Foi assim que criou a Brigadelô: sua proposta era fugir dos brigadeiros gourmet existentes no mercado, vendendo doces com gosto de infância, “com gosto de vó”.

Sua filha, Mariana, começou a sair pelo bairro da Aclimação vendendo os brigadeiros, beijinhos e bichos de pé que a mãe cozinhava em um carrinho enfeitado com fitas e vestindo tiaras de brigadeiro, chamando a atenção de todos. Com o tempo, ficaram conhecidas na região e passaram a vender cerca de 300 docinhos por final de semana. Cerca de dois anos depois, o negócio havia crescido e Eloísa já aceitava grandes encomendas para festas, principalmente aniversários infantis.

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Das vendas no bairro o negócio se expandiu para as redes sociais e para o WhatsApp. Hoje, 80% delas são resultado da interação com os clientes por meio da internet. Com isso, a fama da marca também aumentou e veio a parceria com algumas lojas, as duas passaram a vender também dentro de alguns estabelecimentos da Zona Sul de São Paulo durante os finais de semana. O carrinho decorado com fitas onde vendiam os doces evoluiu, agora é apelidado por ela de mini food truck, possui três rodas, uma vitrine e é decorado com adesivos da marca.

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Eloísa ainda se emociona ao contar sua história e não consegue evitar chorar, é difícil superar a perda do marido. Mas a satisfação pessoal de ter sua independência e o orgulho de ter se levantado sozinha, apenas com a ajuda de sua filha adolescente, a ajudaram a recomeçar. Hoje, com a Brigadelô e seu carrinho de fitas, ganhou uma nova motivação na vida.

(11) 98881-0789​

@sosweet.gourmet

(11) 98903-9798​

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(11) 96224-5155

Brigadêlo

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